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Granularidade de Serviços

Como falado no último post, O reúso é muito importante, mas não pode ser encarado como único direcionador na hora de levantar ou classificar um serviço. Tá, mas o que isso tem a ver com Granularidade de Serviços?

granularidade

Senti a necessidade de escrever sobre Como o Reuso pode Atrapalhar uma iniciativa SOA! Estranho né? Mas foi algo que eu percebi que pode acontecer e precisava de uma certa atenção. Mas antes disso é importante explicar definir alguns conceitos, o primeiro deles é a Granularidade de Serviço.

Definição

Segundo Thomas Erl, granularidade de serviços é:

The granularity of the service’s functional scope, as determined by its functional context, is simply referred to as service granularity. A service’s overall granularity does not reflect the amount of logic it currently encapsulates but instead the quantity of potential logic it could encapsulate, based on its context. A coarse-grained service, for example, would have a broad functional context, regardless of whether it initially expresses one or ten capabilities. – SOA Principles of Service Design

Logo, quando alguém usa o termo Granularidade de Serviço, devem estar se referindo a quantidade de escopo/lógica de um serviço, mesmo que esta relação (escopo vs quantidade de lógica) não seja um pra um. Ou seja, um serviço de granularidade grossa (coarse-grained) fará muita ‘coisa’, enquanto um serviço de granularidade fina (fine-grained) fará pouca ‘coisa’.

Para ficar mais simples de entender e memorizar, associe o granularidade fina com areia (grãos muito pequenos), e granularidade grossa com pedras (grãos bem maiores).

Granularidade Grossa vs Granularidade Fina

Poderia parar por aqui, mas é importante contextualizar este termo na modelagem de serviço, e mostrar como seu (mau) uso pode influenciar a implantação de uma arquitetura orientada a serviços na sua empresa.

Para isso vamos recorrer a uma famosa analogia de SOA, a que compara serviços a peças de lego. Ela é bastante utilizada pois ambos podem ser combinados e re-combinados (mash-ups) para criar outras formas (funcionalidades).

Neste contexto, um serviço de granularidade grossa seria uma daquelas peças de Lego Duplo, aqueles para crianças menores que possuem blocos 4 vezes maioes que as tradicionais.

Lego Duplo

Por outro lado, um serviço de granularidade fina seria uma daquelas menores peças, de 1×1.

Ambas são importantes, as primeiras para diminuir a complexidade e aumentar a velocidade da construção de uma peça grande, e as últimas para possibilitar os detalhes.

lego-1108908_640

Muito complicado? Espera que tem mais coisa, o Thomas Erl definiu quatro tipos de granularidade:

Tipos de Granularidade

Serviço

Como comentei acima, escopo e quantidade de lógica não são um pra um. A Granularidade de Serviço está ligada ao pontencial de lógica que o serviço pode encapsular, em seu contexto.

Um serviço Endereço possui uma Granularidade mais grossa que o EnderecoEntregaCliente por exemplo. Independentemente do número de operação de cada um. O escopo do serviço Endereço pode abrangir desde uma busca de CEP até a manutenção de endereço de entrega de um cliente.

Capacidade

Esta granularidade representa o escopo funcional de uma determinada operação. Está mais ligada a quantidade de lógica presente em uma operação.

Dados

A Granularidade de Dados está ligada à quantidade de dados trafegados pela operação. representa o escopo funcional de uma determinada operação. Está mais ligada a quantidade de lógica presente em uma operação.

Validação

A Granularidade de Validação representa o nível de restrições dos parâmetros de entrada de uma operação, considerando tipos, obrigatoriedade, valores permitidos, etc. Uma operação que recebe um xsd:anyType possui uma granularidade muito grossa, enquanto uma operação que recebe elementos com tipos muito bem definidos, com restrição de obrigatoriedade e range de valores definidos, possui uma granularidade muito fina.

Conclusão

Apesar dos detalhes comentados acima este assunto é pouco explorado no dia-a-dia. Na grande maioria dos casos, o que se entende por granularidade é uma mistura dos dois primeiros tipo apresentados (Serviço e Capacidade), o que pode gerar confusão pois a primeira está ligada ao serviço e a ultima a operação.

Agora sendo mais prático, qual nível granularidade devo usar? A resposta para esta pergunta leva vários fatores em consideração. Por via de regra o ideal seria um mix:

  • Poucos serviços com Granulariade Grossa, que teriam pouco ou nenhum reúso, mas abstraem um processo de negócio de granularidade média;
    • Se houverem apenas serviços neste nível, não haveria nenhum reúso, gerando duplicação de código nos provedores;
  • Muitos serviços com Granulariade Média, que teriam potencial de reúso (mas cuidado com esta característica, ela não deve ser a única envolvida na decisão). Normalmente representam uma operação completa;
  • Alguns serviços com Granularidade Fina, normalmente serviços de validação, técnicos, que apoiariam os de Granularidade Média na composição dos serviços de Granularidade Grossa;
    • Se hoverem apenas serviços neste nível, haverá muito reúso, porém pouco valor em cada reúso, pois cada serviços realiza muito pouca lógica. Os consumidores terão que (re) implementar a composição de serviços constantemente (duplicação de código nos consumidores). A abstração será afetada, pois eventualmente os consumidores terão que conhecer mais dos sistemas para fazer;

Logo, o segredo está no equilíbrio 😉

Faz sentido?

2 Comments

  1. Diego Neri

    Sim! Muito sentido! O equilíbrio é a alma para a definição da granularidade de serviços da corporação.

    Ser xiita com a granularidade levada ao menor grau pode ser prejudicial ao negócio; muitos que não precisariam de uma granularidade baixa acabarão “morrendo” com o tempo.

    Pensando aqui… Hoje, com o conceito de microserviços é possível que esta confusão tenha aumentado, pois, este conceito difundido de forma indevida, pode ocasionar uma granularidade extremamente fina. O que acha?

    1. Felipe Firmo

      Quando falamos em Microserviços, estamos utilizando o padrão arquitetural REST. Neste contexto a forma de pensar na modelagem muda completamente.

      Inicialmente o estilo sugere uma granularidade relativamente fina, ao ‘impor’ a Uniform Interface a maioria dos Recursos seriam CRUDs. Porém é possível modelar o Recurso /clientes onde o verbo POST iniciaria um processo de negócio assíncrono (BPEL) de credenciamento de clientes. Neste exemplo a granularidade deste verbo seria grossa.

      Mas isso seria assunto para outro blogpost 😉

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